A verdade sobre o INPE


Por Natanael Ricardo

Criado em 1961, no cenário da corrida espacial perpetrada pela União Soviética e Estados Unidos, e criticado recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro por ter divulgados dados sobre desmatamento da Amazônia, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) trabalha em engenharia espacial, com satélites lançados, o que o torna referência em monitorar desmatamentos, que hoje conta com 798 funcionários.
Em média o instituto publica um resultado científico por dia nas áreas de Ciência Espacial e da Atmosfera, das Aplicações Espaciais, da Meteorologia e da Engenharia e Tecnologia Espacial, e grande parte das pesquisas são feitas com grandes institutos internacionais.

Algumas áreas de trabalho do INPE:
Ciências Espaciais e Atmosféricas
Nova no INPE, esta área engloba investigação física e química de fenômenos que ocorrem na atmosfera e no espaço exterior de suma importância para o País. Realiza pesquisas e experimentos nos campos da Aeronomia, Astrofísica e Geofísica. A missão da área de Ciências Espaciais e Atmosféricas - CEA do INPE é gerar conhecimentos científicos, formar e treinar pessoal especializado, desenvolver tecnologia e assessorar órgãos governamentais e empresas privadas em assuntos relativos ás ciências e tecnologias espaciais e atmosféricas. O objetivo da CEA é a realização de pesquisas básicas e aplicadas com a finalidade de entender os fenômenos físicos e químicos que ocorrem na atmosfera e no espaço, de interesse para o país.
Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
Realiza pesquisas e atividades nos campos das Ciências Meteorológicas, Meteorologia por Satélites, Previsão de Tempo e Climatologia. As atividades operacionais de previsão de tempo e clima são executadas com a operação de um supercomputador que possibilita gerar previsões de tempo e clima confiáveis, com boa antecedência. Desde 1995 o CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) tem disponibilizado à sociedade spanersos resultados de modelos numéricos de previsão de tempo. O grande número de pesquisas possibilitou o aumento da confiabilidade dos modelos, gerando maior interesse de empresas nas spanersas áreas: agricultura, indústria, transporte, geração e transmissão de energia, comércio, turismo, educação entre outras.
Produção de Satélites
No site do instituo é possível ter acesso a um extenso banco de dados gratuito com imagens geradas de 15 satélites, e também foi responsável pelo primeiro equipamento brasileiro: o SCD-1 (Satélite de Coleta de Dados), que completou 25 anos em órbita ano passado.
Lançado a bordo do foguete Pegasus, dos Estados Unidos, o SCD-1 recolhe dados referentes à previsão do tempo e ao nível de água dos rios e represas.
Outros cinco satélites já foram lançados a partir da parceria que o INPE firmou em 1988 com a China que gerou o programa CBERS (traduzindo: Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres).
O Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles questionou a fiscalização do desmatamento ilegal no país, e cogitou contratar um satélite para monitoramento em tempo real do desmatamento da Amazônia, algo que o INPE faz e é referência.
Observação da Terra
Envolve o conhecimento científico e tecnológico nos campos de sensoriamento remoto e geoprocessamento, levantamento de recursos naturais e monitoramento do meio ambiente. Realiza atividades de pesquisa, desenvolvimento e aplicações nos campos de Sensoriamento Remoto e Processamento de Imagens Digitais. 
Mas e as críticas do Presidente?
Elas se referem a outra área do instituto: o monitoramento ambiental, que utiliza o sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real).
Do dia 1 ao 18 de julho o sistema registrou 1.000 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia legal, a maior alta desde 2016.
Bolsonaro chamou os números de “exagerados” e pediu que os dados fossem vistos por ele antes de serem divulgados, temendo uma má reputação no exterior.
Porém, o Deter possui a capacidade de fazer fiscalizações minuciosas em áreas de até 1 hectare, isso através dos satélites CBERS-4 e Indian Remote Sensing Satellite (IRS) que acompanham a Amazônia e o Cerrado.
Mas o Deter não é o único sistema do INPE, ele possui mais dois:
Prodes - O PRODES (Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira) realiza monitoramento via satélite do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal, e desde 1988 as taxas anuais de desmatamento na região, e que são usadas pelo próprio governo brasileiro para estabelecimento de políticas públicas. As taxas anuais são estimadas a partir de incrementos de desmatamento identificados em cada imagem de satélite que cobre a Amazônia Legal. A primeira apresentação dos dados é realizada para dezembro de cada ano, na forma de estimativa. Os dados consolidados são apresentados no primeiro semestre do ano seguinte.
TerraClass - Partindo de uma proposta inédita no mundo, o TerraClass é responsável por qualificar o desflorestamento na Amazônia Legal Brasileira e com isso fornece subsídios importantes para o melhor entendimento das formas de uso e cobertura da terra na Amazônia. A base de dados utilizada pelo TerraClass, são áreas de desmatamento mapeadas e publicadas pelo PRODES (anteriormente mencionado). Com base em técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, os profissionais envolvidos buscam informações sobre a dinâmica do desmatamento e, com isso, produzem mapas sistêmicos de uso e cobertura das terras desflorestadas da Amazônia Legal Brasileira.
Produção Científica do INPE
Entre as instituições que mais citam o INPE em pesquisas são: O CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica, na sigla em francês), o Max Planck (na Alemanha), e a Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço).

Segundo o site Folha de São Paulo
12.437 foi o número de menções a estudos do Inpe em novos artigos científicos de 2018
5,86 é a média de vezes que um estudo do Inpe é mencionado em outros trabalhos acadêmicos


Ou seja, a produção científica aumenta enquanto investimentos caem.

O futuro da pesquisa no Brasil
A educação sempre foi o pior inimigo daqueles que querem se manter no poder a todo custo, e a pesquisa faz parte disso, ela mais do que ninguém pode tirar até os mais poderosos do poder, e prezar pelo ensino e pesquisa no Brasil é fundamental para o crescimento do país, tal como saber onde podemos melhorar. Prezar pela pesquisa é questionar o inquestionável, e acredite, não é isto que eles querem.

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