O museu de novidades


Por Lucas Mendes

Como o ex-prefeito de uma cidade como Maceió se apresentou candidato à presidência da república como sendo outsider?  Talvez a mesma histeria coletiva que levou um deputado federal com 28 anos de mandato a se apresentar como representante da nova política, ainda que este fosse a mais antigas das novidades. Com todas as contradições, ambos foram surpreendentemente eleitos.
E pudera estas duas figuras fossem as exceções bizarras da história da República, já que ao retroceder algumas décadas nos deparamos com a triste e ao mesmo tempo trágica figura de Jânio Quadros. O advogado, professor e representante maior da moral e dos bons costumes de uma classe média conservadora que em 19 de agosto de 1961 condecorou o guerrilheiro comunista Ernesto Che Guevara deixando os militares e a UDN estupefatos.

Jânio Quadros 
condecorando Che Guevara
O que os três têm em comum? Com toda a certeza as dificuldades em lidar com as atribuições do cargo e a falta de timing na hora de tomar decisões importantes. Costumam eleger biquínis, rinhas de galo, questões morais e a tomada de três pinos como questões de Estado e de suma importância para a nação, além de perseguir e difamar ideologias antagônicas as suas. Talvez por acreditarem que a presidência da República seja um título e não um cargo público provisório.




Collor e Bolsonaro
Como essas três patéticas figuras foram parar à frente da República? Simples, eles foram idiotas úteis usados para representar os delírios e devaneios da classe média, cada qual em consonância com o seu tempo; a guerra fria elegeu Jânio, o fim dela elegeu Collor e o fantasma da Venezuela elegeu Bolsonaro, com o agravante que este último é uma mistura dos outros dois com uma pitada de autoritarismo.
E o final? A renúncia de Jânio gerou uma crise política que nos levou a uma ditadura sangrenta e a de Collor uma recessão econômica traumática, o que nos deixa temerosos do que poderá vir e nos obriga a refletir sobre tudo que nos trouxe até aqui.
A história aparentemente nos prende neste looping infinito de contradições históricas, trocando os atores repetindo tragédias. E assim segue a República, de tragédia em tragédia, de farsa em farsa.

Comentários

  1. A "ameaça comunista" deu voz aos militares na década de 60, e atualmente o fantasma do comunismo venezuelano elegeu o nosso presidente. No Brasil, a história sempre se repete. O inimigo do governo autoritario brasileiro é a esquerda.

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